Poeira Digital

Tudo o que você sempre quis perguntar sobre cinema digital e nunca encontrou ninguém com saco pra responder.

Tuesday, December 26, 2006


Como Editar o Meu Filme?


Você está descobrindo que realizar um filme é um objetivo cheio de desafios. Você estará fazendo diversas escolhas ao mesmo tempo, e todas as suas dúvidas devem ser levadas em conta no momento da edição. Tudo que você precisa ver, controlar, analisar, discutir e decidir abrange um vasto campo de opções e necessidades a serem cobertas nas diferentes etapas da sua produção: o roteiro, a performance dos atores, a composição das cenas, a luz e a escolha das objetivas para cada tomada, o movimento da câmera, a maquiagem, o figurino, a produção, a edição, o som, a música, os letreiros de apresentação e o próprio título do filme.
As propostas e escolhas, portanto, são enormes, e as conseqüências delas todas vão aparecer no trabalho de edição. Se você for um diretor iniciante cuja precisão realmente esteja acima de toda discussão, dotado de certezas inabaláveis, então você é algo para ser admirado. O que acontece na maioria - eu diria, na totalidade - das vezes, é que o editor irá colaborar intimamente com o diretor na solução das suas dificuldades, minimizando os riscos que elas possam criar ao seu filme.

Você quer um exemplo? Bem, que tal se a atriz estiver olhando para o lado errado numa determinada cena? A solução será refilmar a cena? Ou o editor irá estruturar a edição da sequência onde a cena se encontra, modificando, por exemplo, o ponto de vista do personagem - fazendo-o girar sobre o eixo, de modo à "passá-lo para o outro lado?" Você quer outro exemplo mais radical da importância do editor? Pois bem, o diretor chegou com uma sequência onde os atores aparecem nitidamente diferentes do ponto de vista da maquiagem: um mostra o tom da pele mais avermelhado do que o outro, que tende para o verde. Como editar os dois? Mostrá-los juntos vai parecer no mínimo ridículo. Optar por uma edição em close-up pode ser uma opção válida - desde é claro, que o problema não continue dominante em todo o material filmado. Há um limite nas opções da edição.

O bom editor deve ter bem claros os critérios das suas escolhas, para que estes limites além de amplos, sejam bem definidos e apropriados. Os dois exemplos mostram que o editor tanto interfere na construção física das imagens - alterando-as - quanto na sua composição, combinando-as de forma a manter fluente o curso da narrativa.

Assim sendo, seja prático e disciplinado. Determine claramente (ao menos para você), a edição de cada cena previamente ao trabalho de filmagem. Chegue ao set com uma lista de tomadas (shoot list), de modo que quando você sentar diante do computador para a edição, não vá descobrir somente nesta hora, o que está faltando para completar uma determinada ação. Esta é uma condição verdadeiramente miserável para trabalhar com o seu editor, mesmo se ele não for uma pessoa totalmente estressada. Nada pior para um editor do que tentar entender o que uma mente caótica está pretendendo. Não porque devamos dispensar pessoas caóticas. Na maioria das vezes elas são inteligentes e interessantes. Mas, porque a edição não é um momento para devaneios. Edição é um trabalho penoso, intenso todo o tempo e muito caro!

As regras de edição existem para serem quebradas, mas não vá fazer isso apenas porque você não tem outra opção, ou não conhece coisa melhor. Se você tiver que filmar uma cena onde dois atores estão conversando, construa um padrão de edição para evitar um problema insolúvel. Por exemplo, evite que os atores fiquem diante de algum sinal ou objeto dominante, que não possa ser iludido na edição, ou mascarado na composição gráfica. Os olhares errados de atores, ambos para a mesma direção, por exemplo, simplesmente "não montam". Então, se você quiser fazer um dos atores olhar eletronicamente para o outro lado (flop), não vai ser possível se os objetos, cartazes, quadros ou o que estiver ao fundo não permitirem a recomposição da cena.

Um bom emprego do tempo durante a filmagem de uma cena, deve ser para estabelecer claramente se um ator deve olhar para um lado ou para o outro, se deve sair pela direita ou esquerda da câmera, se ele segura o cigarro com a mão direita ou esquerda... Mesmo que tudo isso seja considerado "chato", você vai estar salvando muito tempo na sala de edição. Isto por que, mesmo que toda a sua equipe tenha aplaudido uma cena que parecia bem realizada, não quer dizer que ela vai funcionar da mesma maneira durante a sua edição. Se um dos atores fungou - e a fungada parecia hilariante no set - este pormenor pode simplesmente destruir todo o clima da cena, modificando o seu caráter irremediavelmente. Coisa semelhante pode acontecer em uma cena onde documentos secretos são entregues para outro personagem - um momento crucial e tenso no filme - que deveria manter a platéia em suspense - se o seu assistente de direção não resolvesse fazer passar ao fundo uma figurante em um traje provocante ou colorido. Aposto como todos vão ficar olhando para ela - e o mistério da cena ficará arruinado, sem que o editor possa fazer coisa alguma. A não ser, é claro, se o orçamento permitir algumas horas extras na composição gráfica, para recortar todo o fundo (background) com a maravilhosa figurante e insertar um novo fundo no lugar.

Não deixe de mostrar o seu trabalho enquanto estiver progredindo. Isto quer dizer que exibições prévias são sempre necessárias, principalmente se elas forem realizadas para pessoas que não tenham nada a ver diretamente com a atividade de fazer filmes. Você precisa saber se a sua história está narrada de forma inteligível ou está confusa; portanto, pessoas "de fora" vão se sentir mais confortáveis para dar a sua opinião, do que profissionais que façam parte do universo das suas relações. Se a sua audiência não ver a entrega dos documentos secretos e preferir observar a bela figurante passar, não vá culpá-los pelo fracasso da sua narrativa.

Por outro lado, o que a audiência da sessão prévia disser, não deve ser considerado como definitivo: na maioria das vezes as prévias são realizadas sem a música e sem os efeitos especiais. Assim, uma grande parte do impacto visual e sonoro não estará definido ou concluído. Se a audiência comentar estes detalhes, leve-os em conta, mas não mais do que outros pormenores que devem interessar mais ao seu trabalho: por que não riram em determinada cena, feita para ser engraçada? Por que ninguém pareceu entender o ponto central do mistério, ou o suspense da narrativa pareceu fraco?

Essas devem ser as suas maiores preocupações. Estes são os problemas que você vai ter que solucionar. Provavelmente vai ter que tomar decisões radicais na edição, fazer modificações e ajustes. A principal delas, é que você não deve se sentir obrigado a utilizar toda cena que filmou, porque há dinheiro envolvido. Elimine todas as repetições. Se você já disse algo uma vez, não o diga novamente. Nada pior para romper o ritmo fluente de uma narrativa, do que a enfadonha repetição de cenas que contem a mesma coisa. É o que costumo denominar como o "drive" da narrativa. Grande parte dos filmes "cabeça" pecam pela ausência de "drive", quer dizer o impulso que leva uma cena adiante, tornando-a cinematograficamente atraente. Só idéias não bastam para tornar um filme interessante. Por isso que você pede "ação" ao início de uma tomada. Não é uma formula convencional. As coisas no cinema são físicas, quer dizer tem a dimensão da realidade e a narrativa subsidia a realidade para o nosso entendimento. Portanto, "ação" é o componente inicial e indispensável das imagens em movimento. E na edição, "ação" se traduz no corte dinâmico cuja "velocidade" não quer dizer aceleração ou não da narrativa, mas nessa qualidade que encontramos na construção de sua própria continuidade e consequência. Vemos bem quando uma edição começa a tropeçar na inserção de cortes que estancam o fluxo da narrativa, como os malditos "planos de corte", uma invenção que deveria levar o seu criador à fogueira. Planos de corte (que os americanos com a precisão de sua língua definem como "cut away") geralmente aparecem como apêndices e apenas demonstram como uma sequência não pode ser bem editada.

Quando estiver resolvendo um problema na edição, experimente todas as idéias. Mesmo as mais ridículas. Uma coisa conduz a outra - assim funcionam as idéias. Por outro lado, você sempre vai poder apertar as teclas para refazer e desfazer (redo/undo, lembra?). Ou, simplesmente rotule e arquive no bin uma sequência aparentemente editada de maneira absurda. Você não vai poder criar nada muito original, se não arriscar na mesma medida e sem nunca querer correr risco algum. Lembra daquele axioma dos modernistas - "a herança milionária de todos os erros". Pois è dessa herança mesmo que estamos falando. Errar não quer dizer fazer bobagem. Errar é muits vezes uma questão de experimentação. Como os filmes ficaram muito caros, os jovens diretores estão temerosos de errar. Por isso não experimentam nada. Os filmes estão cada vez mais certinhos. E chatíssimos, de um modo geral. Quanta coisa estilísticamente falando, vai ser perdida por causa dessa imposição financeira? Imagine o Cinema Novo sem as experiências estilísticas que o tornaram único como forma artística de expressão. Impossível

Preparando a Edição

Todo projeto, por menos pretensioso ou sofisticado que possa ser, é o resultado do esforço pessoal e de algum tipo de investimento, seja familiar, da ação entre amigos ou mesmo de um pequeno empréstimo. Portanto, não desperdice a oportunidade que você tem para dar forma a um projeto pessoal, sem antes conhecer os efeitos, os "macetes", os atalhos e os limites de operação do seu equipamento e do software de edição que estiver usando.

Quando você for editar seu primeiro trabalho num sistema não linear de edição, não pressuponha nada: averigüe tudo, ou seja, antes pergunte e teste o que for preciso. Assim, você ficará sabendo das limitações e da capacidade do sistema que você for utilizar. Este é o melhor conselho para um realizador/editor digital iniciante.

Conhecer o seu software de edição bem antes de começar a montar o filme é o mais recomendável, porque sua segurança em fazer as alterações será bem maior, do que jogar cegamente o jogo dos erros e acertos. O processo de editar é semelhante em muitos aspectos ao de escrever ou compor uma música - um fluxo criativo deve ser mantido, e que será destruído se você não conhecer as funções básicas do seu instrumento de trabalho - a ilha de edição e o software que vai empregar.

Outra coisa: não aprenda diretamente com o seu projeto. Faça um curso de treinamento ou peça uma assistência em projetos de outros. Como você provavelmente utilizou o método empírico de aprender com as próprias experiências (learning by doing), é melhor que as experiências e dúvidas aconteçam antes de iniciar o projeto mais importante de sua vida, ou seja, o seu projeto pessoal de realização. Se você sentir que não sabe bem o que está fazendo, procure quem sabe para auxiliá-lo e orientá-lo - assim muito tempo precioso será poupado na edição do material. Como o tempo numa produção se traduz em $$$, logicamente você estará cuidando adequadamente do seu orçamento ao evitar tentativas infrutíferas e dispendiosas.

Telecinagem do material

Vamos supor que todo o seu material de câmera foi realizado em película. Assim, para ser manipulado na edição não linear, você mandou telecinar o material - ou seja, transferir para video tapes as suas imagens reveladas no negativo. É importante verificar se este processo de transferência foi realizado adequadamente. É importante classificar os erros que possam ocorrer:

1°) os seus erros - por não ter determinado corretamente os serviços requeridos;
2°) os erros do laboratório - por não terem seguido adequadamente as suas instruções.

Se o material vier do laboratório sem color bars (barras de cores) ou sem um padrão de áudio, você não poderá estabelecer os parâmetros corretos no waveform ou no veteroscópio, ou calibrar adequadamente os níveis do áudio.

Se os fotogramas no início de cada claquete não estiverem corretamente alinhados com o timecode correspondente, tome cuidado. Isto pode significar que há uma discrepância entre o que o timecode está registrando na pista de áudio e os fotogramas utilizados num determinado "clap", na claquete da imagem correspondente. Se assim for, não comece a logar o seu material. Averigüe cuidadosamente o que pode ter acontecido.

Logando o Material

Esta questão do timecode é muito importante, diria mesmo, fundamental no trabalho de edição não-linear. Isto porque todo o trabalho de logar o material repousa sobre o algorítmo correspondente a cada imagem. É uma informação decisiva para o software de edição, pois permitirá encontrar os pontos de entrada e saída de cada imagem selecionada. E quanto ao trabalho no Media Log, ele repousa essencialmente na correção dos algarítimos seqüenciais do timecode. Assim, para verificar se a transferência do filme para o tape foi corretamente feita no laboratório, procure no material original o fotograma queimado correspondente ao "clap" da claquete, e veja se na cópia em vídeo o algorítmo corresponde à mesma marca. Se ambas estiverem alinhadas, significa que a transferência foi corretamente realizada e você não vai perder o minucioso trabalho de logar as suas imagens.

Caso você for utilizar VHS ou outro sistema sem leitura eletrônica do timecode, peça o laboratório para telecinar o filme para vídeo, com o timecode aparente na imagem. Você utilizará o vídeo como um "copião", ou seja, material de trabalho que não será utilizado para a cópia final do filme.

Prepare uma lista do material logado, com boletim de imagem apropriado. As informações devem ser especificadas em colunas para:

1.) Número da cena;
2.) Timecode de início;
3.) Timecode de final;
4.) Descrição da cena;
5.) Som ambiente (MOS) ou sincronizado (SYNC);
6.) Observação sobre as qualidades ou defeitos da cena.

Embora este possa parecer um trabalho tedioso e demorado, ao contrário, as informações que você for armazenando nos seus boletins vão lhe ser úteis durante a edição, porque toda simples cena, mesmo aquelas que você nem pense mais utilizar, estarão devidamente registradas como uma referência precisa de tudo o que o material de câmera contém. Sem dúvida, todo o material lhe será muito mais familiar e o senso de utilidade estará presente durante o seu trabalho. Você simplesmente não irá repetir os mesmos erros futuramente.

Se o seu filme foi telecinado para vídeo com timecode eletrônico (p.ex. Betacam SP), então você poderá utilizar um software para logar o material, como Media Log, da Avid. Nesse caso, você substituirá os boletins de imagens por bins - e você precisará de um PC ou MAC com pelo menos 8 megas de RAM.

De posse das listas de todo o material logado, ou seja, todas as imagens e as características de cada imagem devidamente catalogadas, você pode começar a sua edição.

O Primeiro dia de Edição

Se você não for proprietário de uma ilha de edição, o seu editor vai sugerir uma produtora onde o trabalho pode ser realizado. Esta decisão não implica apenas em facilidades operacionais, ou nas características técnicas específicas de um ou outro sistema: Avid, Final Cut Pro ou Media 100. Esta é uma decisão que também deve levar em conta o orçamento que você destinou para esta parte do trabalho. Os preços por um período de edição (6 horas em média), variam de acordo com as facilidades técnicas e operacionais, o conforto que oferece a produtora, além do próprio equipamento. Não importa discutir aqui as características de cada um deles. Vamos tratar dos procedimentos que devem ser comuns e permanentes, facilitando o seu trabalho e assim, economizando muito tempo e dinheiro do orçamento que você tem para realizar a sua obra.

Queremos mostrar a você como proceder numa ilha de edição. Acreditamos que estas observações podem auxiliar um jovem diretor, que pela primeira vez vai editar um filme.


1. As imagens que você vai editar, foram previamente logadas e digitalizadas. Já vimos em Usando o Media Log (link para a seção: Ferramentas - usando o Media Log), como proceder nessa parte do trabalho. Dessa etapa você extraiu uma "ferramenta" muito importante na edição: é uma lista de todas as imagens digitalizadas, que pode ser impressa diretamente do software utilizado no log do material. Assim, esta lista vai estar em suas mãos permanentemente. Se você preferir, utilize o seu laptop, ao invés da lista impressa.

2. Sempre que uma dada cena for utilizada, você simplesmente faz uma marca na sua lista ou na tela do seu laptop. Assim, você terá uma visão nítida da utilização do seu material. Saberá imediatamente quais as cenas que ainda não foram tocadas e quanto material você ainda possui para os cortes, inserts, wipes, e o que mais pedir a construção da narrativa em uma determinada cena.
3. Ainda que o sistema seja "não-linear", a edição é um processo intelectual, combinado com sensibilidade. Você não pode esperar que o computador faça tudo aleatóriamente, sem que você direcione os esforços do seu editor. A sua lista vai permitir que você tenha algo "físico" em suas mãos, para estabelecer o cronograma diário das cenas a serem editadas: "para esta cena, vamos precisar de dois períodos; para esta outra, o dobro..." Este diálogo é fundamental, por isso evite especulações ou suposições. A maioria das vezes, a falta de planejamento é causadora das maiores dificuldades de relacionamento entre o diretor e o seu editor. Embora você possa supor que estas observações são excessivas, não se conhece ainda um exemplo de que organização tenha alguma vez causado danos ao trabalho .

4. Discussões à parte, nós estamos querendo mostrar que é preciso estabelecer um cronograma de pós-produção - da edição à gravação da trilha sonora, incluindo a edição dos ruídos de ambiente, títulos e composição gráfica. Você poderá argumentar que num filme de micro-orçamento como o seu, o cronograma obedece à disponibilidade, ou não, de algum dinheiro para o trabalho. Pois ainda assim, a organização de cada etapa vai permitir um ajuste melhor do seu tempo - e, conseqüentemente, do seu curto orçamento - mostrando-lhe "onde você realmente está", dentro do trabalho sempre complexo - e muitas vezes confuso - de fazer um filme.

5. Quando você for dar o primeiro corte em uma cena, você estará conhecendo uma nova experiência sensível e intelectual: é a diferença entre o que a cena representava enquanto ainda estava exclusivamente em sua mente e depois, quando estava sendo gravada ou filmada, e o que ela representa agora, finalmente exposta na tela. Na maior parte das vezes, uma certa frustração irá permear a sua exibição: você gostaria que ela se apresentasse diferente do que agora está.

6. Não se julgue pessimista. A grande maioria dos diretores chega a ilha de edição com um sentimento de penetrante frustração. Quase todos concordam que o seu dia mais deprimente, é quando vão dar o primeiro corte numa cena. Não vai ser diferente com você. Editar um filme, não significa simplesmente sentar por algumas horas diante de uma tela e reunir as imagens mais ou menos de acordo com o que o roteiro está sugerindo. Ao contrário da gravação ou filmagem do material, a edição é um processo de desmontar o que previamente foi feito, para introduzir nas diferentes partes em que o material está decomposto, um certo "espírito", o que é totalmente novo. Não se trata de simplesmente editar bem uma cena e passar para a seguinte. Mas, fazê-las "trabalhar" juntas, à medida que uma sucede a outra. As características de uma cena podem mudar completamente, quando confrontadas com outras cenas antes e depois. Controlar estas alterações, adequando-as à medida de sua necessidade, é a verdadeira essência do trabalho de edição. Assim, como exemplo, os diálogos que pareciam perfeitos e necessários em uma cena, podem ser radicalmente suprimidos, se a construção da narrativa mostrar que são supérfluos e desnecessariamente "abundantes".

7. A única maneira que conhecemos para controlar estas alterações, é rever as cenas à medida que forem sendo editadas. Quase sempre, você vai descobrir que alguns retoques devem ser feitos. Isto se não forem mais do que retoques, e algumas sequências que pareciam perfeitas devam agora ser totalmente refeitas. Isto é normal e plenamente admissível. O seu editor que deve ter alguma experiência prévia, vai lhe auxiliar desde que você se mostre suficientemente aberto ao diálogo e à troca de experiências. Diretores que se fecham em um mutismo mal-humorado, transformam o difícil trabalho de edição em um sacrifício penoso, horas após horas.

Nosso conselho é: seja confiante em você mesmo e no seu editor. O antagonismo entre duas mentes encerradas numa ilha de edição é uma experiência pavorosa - todo corte torna-se fonte de discussões e o tempo passa sem que o trabalho pareça avançar. Finalmente, lembre-se de que o seu projeto passou a interessar muita gente - pessoas foram envolvidas, lhe deram crédito e apoio. Isso, por si só, já é uma grande vitória. Então, mantenha a sua mente aberta e procure sempre o caminho da reflexão para ir superando as suas dificuldades. Você verá que é muito melhor do que lançar-se numa aventura sem pé nem cabeça, com uma produção frouxa e sem ritmo, confusa e improvisada. O negativo e o video tape são duas das coisas mais sensíveis que existem. Eles imprimem tudo e seguramente vão revelar - junto com as suas imagens - a confusão ou a coerência do seu trabalho e as dificuldades ou a harmonia da sua equipe.

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